A Esclerose Múltipla e a Fadiga

A fadiga é um sintoma comum na esclerose múltipla, caracterizada pela sensação de desgaste, cansaço e falta de energia, que pode acometer não só pessoas com doenças neurológicas e autoimunes, mas também aquelas que não apresentam patologias, uma vez que pode surgir decorrente de distúrbios do sono, distúrbios cognitivos e, principalmente, da dor.

Daí você pode perguntar: a fadiga acontece da mesma forma em um paciente com EM e em uma pessoa sadia? A resposta é não.

Na EM, segundo levantamento realizado, recentemente, 3 a cada 4 pacientes sofrem com a fadiga. E o resultado é um impacto limitante enorme na rotina diária destas pessoas. Ainda muito pouco compreendida, a fadiga é habitualmente confundida com uma depressão ou, até mesmo, fraqueza muscular, sendo uma das duas principais causas de desemprego em pacientes com EM.

Este sintoma pode se desenvolver de diversas formas. Há a fadiga de cunho fisiológico, como a muscular, visual ou auditiva, e podemos, ainda, compreendê-la dentro de um contexto psicológico, associando-a ao estresse, depressão ou ansiedade. Não importa qual delas é aquela que te incomoda, o importante é você reagir diante do quadro, uma vez que nenhum medicamento é 100% eficaz em relação ao sintoma.

A “fadiga primária” é a mais frequente na EM, sendo de grande intensidade e associada a um grau de incapacidade persistente, principalmente, nas rotinas diárias, não estando associada aos surtos da doença. Pode acontecer de forma isolada, em períodos de remissão.

Estudos sugerem que a fadiga muscular assume papel importante na patogênese funcional da EM, ou seja, ela acentua dificuldades de realizar simples tarefas, principalmente em pacientes com maior incapacidade física.

E como enfrentar a fadiga?

Um relevante número de estudos comprova que, em diversas situações, um bom condicionamento físico pode levar à melhora da fadiga. Diante disso, podemos afirmar que a atividade física tem se mostrado o principal aliado na luta contra este sintoma.

De qualquer forma, é importante lembrar que nenhum caso na EM é igual ao outro. Portanto, antes de definir a melhor linha terapêutica para a fadiga, é necessário identificar, junto a profissionais capacitados, qual a intensidade de fadiga apresentada pelo paciente, como ela está agindo e se manifestando, quais os fatores desencadeantes ou agravantes. A partir disso, serão determinados os programas físicos e terapêuticos ideais.

Segundo a neurologista Maria Fernanda Mendes, “na abordagem global da fadiga, devemos considerar, além dos aspectos fisiológicos e psicossociais, os aspectos culturais e comportamentais, únicos para cada indivíduo, e com interferência direta nas suas consequências e, desta forma, na sua qualidade de vida”, diz ela.

Ou seja, todos os fatores são levados em conta para enfrentar a fadiga. Atividade física e terapias emocionais mostram ótimos resultados, assim como uma dieta direcionada, associada à presença e apoio da família. Quando juntamos a isso pequenas coisas que fazem bem, como ler, ir ao cinema, assistir uma série preferida ou brincar com o cachorro, teremos uma linha multidisciplinar que poderá ajudá-lo a enfrentar este que é um dos maiores fatores limitantes da EM.

Respeite seu corpo, suas dores e limitações, mas não cruze os braços diante da dificuldade.

Por Wellington Oliveira; profissional de Educação Física; especialista em Reabilitação Cardíaca e Doenças Raras; Idealizador do Projeto 50 Metros e responsável pelo IG @emimpulso

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