Ter amigos faz bem para o coração e até evita a depressão

O cenário de pandemia não terminou e estar em contato com os amigos, ainda que virtualmente, é fundamental. Uma boa amizade é importante não apenas pra colocar a conversa em dia, afinal, ter relações sociais pode ser tão importante quanto se exercitar ou se alimentar bem, segundo demonstra uma pesquisa realizada na Universidade Brigham Young, dos Estados Unidos, .

De acordo com Augusto Vilela, membro da Sociedade Brasileira de Cardiologia e médico do Departamento de Cardiologia da Rede MaterDei e do Hospital Belo Horizonte, as boas relações sociais são importantes para que as pessoas mantenham a saúde emocional e a do coração também. “O convívio reduz a quantidade do hormônio do estresse (o cortisol) e estimula a produção de todos os hormônios ligados à felicidade, capazes de aumentar a resistência a dores (as endorfinas) e combater estados depressivos”, destaca ele.

Os benefícios das amizades podem ser observados em vários sistemas do organismo, em especial o cardiorrespiratório. “A melhoria na qualidade de vida tem efeitos diretos na respiração, na pressão arterial e nos batimentos cardíacos”, diz ele, acrescentando que “ter amigos melhora indicadores como o colesterol e a glicose no sangue. Com isso, o sistema imunológico também evolui e se fortalece”, completa.

Ter amigos traz benefícios tanto para a saúde mental, como física, pois vínculos afetivos despertam as emoções positivas, promovendo bem-estar. “Um estudo da Universidade Columbia, nos EUA, mostrou que pessoas que têm amigos são normalmente mais felizes, entusiasmados e satisfeitos com a vida”, ressalta.

Saúde Mental

As mudanças de hábito provocadas com o surgimento da Covid-19 impactaram não só a saúde física da população, mas também a mental. Um estudo da Organização Mundial da Saúde (OMS), divulgado antes da pandemia, revelou que a depressão é um problema crescente no país e já atinge mais de 11,5 milhões dos brasileiros. Além disso, o levantamento mostrou que, no Brasil, mais de 18 milhões de pessoas sofrem de distúrbios relacionados à ansiedade.

O psicólogo Rodrigo Linhares, coordenador do curso de Psicologia da universidade Anhanguera de Campo Limpo (SP), explica que a pandemia colaborou para desencadear problemas emocionais, já que tem gerado excesso de informações, insegurança e incerteza, além do ainda exigido isolamento social.

Linhares explica que o momento que estamos vivendo torna ainda mais importante a proximidade com aqueles que gostamos. “Diante do perigo, o organismo aciona o nosso sistema de luta ou fuga e liberamos o cortisol – conhecido como hormônio do estresse. Todo esse cenário de pandemia contribui muito para o aumento dos casos de depressão e também de ansiedade e estresse pós-traumático. Por isso, contar com os amigos nessa fase, mesmo que de forma virtual, pode ajudar a lidar com o momento e ser um fator protetivo para nossa saúde mental”, afirma.

Como ajudar

Reconhecer os sintomas iniciais da depressão é essencial para conseguir ajudar quem passa pelo problema. Entre os principais sinais de alerta estão: irritabilidade, desinteresse, falta de motivação e apatia, desespero, sentimento de vazio, pessimismo, sensação de culpa, de inutilidade e de fracasso, além de baixa autoestima. Falta de ânimo ou energia incapacitante também estão nessa lista. “A pessoa deve ficar atenta se não se sentir capaz de se arrumar, pentear o cabelo, tomar banho; ou executar pequenas atividades domésticas e de home office, por exemplo. Além disso, ter pensamentos obsessivos, falta ou excesso de sono e apetite, interpretação distorcida e negativa da realidade, dificuldade de concentração, raciocínio mais lento e esquecimento também indicam que algo pode estar errado”, explica Rodrigo Linhares.

O apoio de amigos e familiares faz muita diferença para quem está deprimido ou com sintomas iniciais dessa doença. Por isso, ele elenca algumas dicas para aqueles que querem contribuir de alguma forma:

• Ouça mais e fale menos;

• Mantenha contato constante, mostre que está “presente” ou peça a alguém próximo;

• Tenha empatia e não faça julgamentos. Evite dar sermão, condenar, opinar ou banalizar;

• Não cobre grandes mudanças de hábitos, pois isso desperta ansiedade. Respeite os limites do amigo;

• Use a tecnologia a seu favor. Com ela, é possível reduzir o isolamento através de atividades em rede, como jogos e vídeo chamadas, além de ser um meio para leitura, estudos, psicoterapia on-line e um guia para exercícios físicos, o que ajuda a manter a mente ocupada e corpo em movimento;

• Incentive a consulta com um profissional. Quando os sintomas se tornam graves a ponto de atrapalhar as relações interpessoais de estudo ou trabalho, além das funções vitais, como sono e apetite, está na hora de buscar auxílio de um especialista.

Fonte: Blog Vida&Ação

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