Problemas sensoriais, ou distúrbios de sensibilidade, são sintomas frequentes da Esclerose Múltipla e ocorrem em 20 a 50% dos indivíduos com a doença. Conhecidas como parestesias, essas sensações incluem dormência, formigamento, queimação e aumento da sensibilidade.
As parestesias podem ser causadas por vários outros fatores, incluindo sentar ou ficar de pé em uma mesma posição por muito tempo, utilização de certos medicamentos ou falta de irrigação de sangue na área afetada. A coceira também pode ocorrer como um sintoma sensorial da EM. Essas sensações, quando causadas por lesões no sistema nervoso central, são conhecidos como disestesias.
Dormência
Um dos problemas sensoriais mais comuns associados à Esclerose Múltipla é a dormência, que ocorre quando os nervos que transmitem as sensações não conduzem informações adequadamente. Como resultado, as sensações nessa área específica são insuficientes ou inexistentes.
A dormência é, frequentemente, um dos primeiros sintomas observados por pessoas com esclerose múltipla e pode afetar tanto área muito pequena, como uma mancha no rosto, quanto áreas inteiras do corpo, como pernas, pés e braços. Na maioria dos casos, a dormência é um sintoma temporário e não requer intervenção. Consequentemente, este sintoma é, muitas vezes, considerado mais um aborrecimento do que uma situação incapacitante.
No entanto, em casos graves, a dormência pode interferir na capacidade de uma pessoa realizar tarefas corriqueiras. É necessário ter cautela para que o indivíduo mantenha a segurança e a independência. Por exemplo, pessoas com esclerose múltipla que têm dormência facial severa devem ter cuidado ao comer ou mastigar, para evitar morder a boca e/ou a língua. Também devem cuidar a temperatura da comida e da bebida, para evitar queimar a boca. Para aqueles que apresentam dormência nos braços e pernas, o cuidado deve ser com o fogo, água quente e outras fontes de calor, para evitar queimaduras.
No caso de disestesias, como ardor ou outras sensações desconfortáveis, pode haver hipersensibilidade extrema até mesmo ao toque leve. Alguns medicamentos podem ajudar nesse casos, mas apenas o médico pode prescrever essas medicações, após avaliar o paciente.
Fraqueza
Mais da metade das pessoas com Esclerose Múltipla têm fraqueza. Existem duas causas fundamentais para esta condição: primeiro, pode ser causada por espasmos e fadiga, fazendo com que a pessoa perca força e controle nas extremidades; segundo, pode resultar de lesão nos nervos, que impedem que os sinais atinjam as extremidades, mas sem diminuir a força muscular. É importante que a causa da fraqueza seja entendida para tratá-la adequadamente.
No caso de fraqueza decorrente de espasmos e fadiga, geralmente, aconselha-se a realização de exercícios acompanhados por um fisioterapeuta. Este tipo de fraqueza também pode ser significativamente melhorada, com o tratamento das causas subjacentes, ou seja, a espasticidade e a fadiga. Com a avaliação e prescrição médica, medicamentos antiespasmódicos, que tornam os músculos menos rígidos, podem reduzir a fraqueza, enquanto que medicamentos que combatem a fadiga também podem aumentar a força. O esforço prolongado ou a exposição ao calor podem piorar a fraqueza, temporariamente, mas o resfriamento do corpo traz alívio.
Gerenciando sintomas sensoriais
Embora os sintomas sensoriais causam irritabilidade e até mesmo debilidade, seu efeito na vida diária pode ser minimizado e os próprios sintomas podem ser administrados em graus variados. “Fale dos seus sintomas com seu médico e pergunte sobre as opções de tratamento”, aconselha Ben Thrower. “Além de medicação, experimente a massagem terapêutica, que proporciona alívio, em alguns casos. O exercício, especialmente o alongamento, pode ajudar a manter ou melhorar a amplitude de movimento. Finalmente, considere consultar um fisioterapeuta ou terapeuta ocupacional para aprender estratégias compensatórias e promover segurança e prevenir lesões”, conclui.
Uma palavra sobre as drogas modificadoras de doenças
É importante ressaltar que, embora o tratamento com os medicamentos modificadores da doença (Avonex, Copaxone, Betaferon etc) não reduza os sintomas que já estão presentes, seu uso pode reduzir a probabilidade de novos sintomas. O início precoce do tratamento pode reduzir o comprometimento neurológico, assim como seu uso constante pode diminuir muitos dos problemas sintomáticos causados pela doença.
Referência: Artigo Sensory Problems in MS, escrito por Ellen Guthrie, farmacêutica pediátrica, de Atlanta, escritora, revisora do Consortium of MS Centers e consultora médica do Multiple Sclerosis Foundation.
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