Que o estresse é um vilão para a saúde todo mundo sabe. Além de ser um fator desencadeante de doenças, como hipertensão, diabetes tipo 2, alterações na tireoide e herpes, ele ativa o ganho de peso e, para quem tem esclerose múltipla, também pode ser um gatilho para o agravamento de alguns sintomas.
São diversas as justificativas para um quadro de estresse. Fatores como privação do sono, sobrecarga no trabalho, ansiedade, nervosismo, irritabilidade, sedentarismo e mal funcionamento intestinal podem ser causadores ou potencializadores desse problema que atinge uma enorme parcela da população.
A exacerbação desses estímulos induz a um comportamento crônico e, diante disso, a prática de exercícios físicos, somada à adoção de hábitos de vida mais tranquilos, certamente é uma solução eficaz.
Entendendo a relação Estresse X Obesidade
Quando você tem uma rotina de vida estressante e cansativa, seu cérebro tende a aumentar o estímulo para a produção de alguns hormônios, como a adrenalina e o cortisol. Isso acontece para que seu organismo consiga liberar energia de diversas reservas adiposas, como do fígado e dos músculos. Ao mesmo tempo, existem outros hormônios (grelina, neuropeptídeo Y) que forçam você a consumir muita energia, o que causa a sensação de fome.
A adrenalina, a noradrenalina e o cortisol são importantíssimos na sinalização da lipólise, que nada mais é que a quebra do tecido adiposo para ser queimado no músculo contraído durante o exercício físico.
Entretanto, quando, rotineiramente, aumentados, por causa do estresse do dia a dia, os hormônios diminuem a capacidade de queimar a gordura (uma espécie de proteção do corpo), o que reduz a capacidade natural de atuação hormonal e aumenta os impulsos para que o corpo eleve a produção hormonal para compensar o bloqueio da ação biológica. Qual o resultado? Aumento de peso.
Exercícios contra a Obesidade e o Estresse
Quando praticamos exercício físico, a liberação desses hormônios é significamente aumentada. Entretanto, a contração muscular também estimula outros agentes, tais quais enzimas, proteínas e estimuladores de crescimento celular.
Isso acontece para corrigir as reações metabólicas que seu corpo desenvolve para dar conta da demanda energética exigida pelo nível de contração muscular do exercício e, através dessas adaptações, fornecer os tão importantes benefícios da sua prática regular. Entre eles, está a regulação crônica da liberação e atuação do cortisol e adrenalina sob os tecidos alvos, músculos e tecido adiposo, para que o corpo não crie uma resistência patológica à ação desses hormônios e, assim, torne-se um aliado na perda de peso. Por isso a importância do exercício físico, atualmente.
Mas não basta acreditar que apenas a prática regular de exercícios físicos irá reduzir o estresse, evitando possíveis gatilhos para surtos e ajudar na redução do ganho de peso. É necessário também agir nos estímulos estressantes da vida diária, é fundamental agir diretamente na origem dos problemas.
Diante deste quadro, podemos ver o quanto a relação do exercício pode ser eficaz não apenas no ganho de força, coordenação ou equilíbrio, pois você também estará alterando todo seu metabolismo com esta prática e, consequentemente, irá colher frutos físicos e fisiológicos que irão interferir na sua qualidade de vida, diante da EM.
Procure um profissional especializado. Ele será capaz de prescrever um treinamento físico adequado ao seu estilo de vida e necessidades reais diante das dificuldades impostas pelo estresse e pela EM.
Por Wellington Oliveira; profissional de Educação Física; especialista em Reabilitação Cardíaca e Doenças Raras; Idealizador do Projeto 50 Metros e responsável pelo IG @emimpulso
Referências:
Axis dysregulation and cortisol activity in obesity: A systematic review. Psychoneuroendocrinology 62 (2015) 301–318.
Geiker NRW et al. Does stress influence sleep patterns, food intake, weight gain, abdominal obesity and weight loss interventions and vice versa? Obesity Reviews Jun, 2017.
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