Seu médico, certamente, já pediu que você fizesse o exame chamado Potencial Evocado Visual (PEV), quando houve queixa de algum sintoma de ordem visual. Mas você sabe como ele é feito e qual o objetivo deste exame?
O potencial evocado visual (PEV) é um teste eletrofisiológico que avalia, funcionalmente, o nervo óptico. É indicado para detecção de lesão sem sintomas da via visual, principalmente, em pacientes com suspeita de esclerose múltipla. Assim, o exame é uma ferramenta útil na avaliação neuro-oftalmológica, tanto nos pacientes que já tem o diagnóstico de Esclerose Múltipla, para a avaliação da função visual, quanto naqueles com baixa visual súbita, que não apresentam nenhuma alteração oftalmológica que justifique esta condição clínica.
O paciente com esclerose múltipla, muita vezes, apresenta, como queixa inicial, apenas a baixa visual e não apresenta outras alterações oculares que possam justificar a redução da acuidade visual. Nestes casos, o PEV, por ser objetivo e não invasivo, define se a origem desse sintoma está no nervo óptico.
Como é feito?
O registro dos potenciais visuais é feito com a utilização de três eletrodos de superfície posicionados no couro cabeludo, em locais determinados, semelhantes aos do exame de eletroencefalograma. Após a colocação dos eletrodos, o paciente tem um dos olhos fechado e é orientado a olhar para o centro do monitor. Os sinais captados pelos eletrodos são enviados para um computador que os converte em um gráfico de ondas.
O estímulo mais utilizado no PEV é o Padrão Reverso, chamado de Pattern, que corresponde a um tabuleiro de xadrez projetado em monitor de cor única, no qual a posição dos quadrados brancos e pretos alterna-se entre si, em intervalos de tempos iguais. As dimensões de cada quadrado são fundamentais, porque o tamanho é o que determina o ângulo visual com a região de maior acuidade visual e reflete o tamanho da área retiniana estimulada. Por esta razão, existe a recomendação de realizar o exame com dois tamanhos de quadrados e, com isso, obter uma leitura mais confiável dos gráficos, que registram os déficits visuais decorrentes da lesão do nervo óptico.
PEV e Neurite Óptica
Com o exame de PEV é possível avaliar discretos comprometimentos do nervo óptico, mesmo antes do comprometimento do campo visual. No caso da Neurite Óptica desmienilizante, por exemplo, a realização do exame não estabelece a causa da doença, mas, com ele, é possível confirmar o processo inflamatório e intensidade do comprometimento.
Há contraindicações?
Precisa realizar esse exame? Fique tranquilo. Não há contraindicações. As únicas orientações são para que o paciente não utilize cremes no cabelo, no dia do exame, e que leve seus óculos ou lentes de contato, caso utilize, pois poderão ser solicitadas.
Por Wander Sergillo Borges
Oftalmologista, membro titular da Sociedade Brasileira de Oftalmologia e do Conselho Brasileiro de Oftalmologia. Médico do Setor de Neuro-oftalmologia do Instituto Brasileiro de Oftalmologia (IBOL)
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