Qualidade de vida: uma prioridade para quem tem EM

Como profissional da saúde, professor de Educação Física e, principalmente, alguém com diagnóstico de Esclerose Múltipla, afirmo que pensar em qualidade de vida é priorizar a saúde. Porém, esta concepção tem que ser um pouco mais ampla.

Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), qualidade de vida é “a percepção do indivíduo de sua inserção na vida, no contexto da cultura e sistemas de valores nos quais ele vive e em relação aos seus objetivos, expectativas, padrões e preocupações”.

Diante disso, faz-se necessário um olhar mais abrangente sobre a doença. Como sabemos, a Esclerose Múltipla é autoimune, crônica e progressiva. Pesquisas nos mostram que, além do tratamento médico, outras disciplinas são auxiliares no tratamento e, dentre elas, vou me ater à minha área de estudo e pesquisa: a Atividade Física.

Sabemos que pessoas com EM convivem, diariamente, com diversos sintomas que podem afetar tanto seus gestos motores, como aspectos cognitivos e, dentre essa infinidade de sintomas, onde se inclui redução de força e sensibilidade, a fadiga crônica talvez seja um dos mais comuns. Ela pode levar ao sentimento de incapacidade de realização de tarefas cotidianas e ocupacionais simples, podendo, ainda, fazer com que o indivíduo chegue ao sedentarismo ou, até mesmo, à uma depressão, conforme nos revelam alguns estudos.

A Atividade Física tem um papel muito importante na melhora da qualidade de vida de pessoas com EM. Diversos artigos científicos foram publicados, nas mais importantes revistas científicas internacionais, relatando resultados importantes e nos mostrando que a prática de exercícios aeróbicos (caminhadas, corridas, natação, bicicletas, etc), por exemplo, são importantes na redução da fadiga e do cansaço. Os resultados obtidos com exercícios de força e resistência (musculação, hidroginástica, pilates, etc) podem ajudar no intervalo de recorrência de surtos e, também, na recuperação de força, equilíbrio e coordenação motora, gerando ótimos resultados na autonomia funcional e nos sintomas de depressão.

Além dos inúmeros benefícios, temos que ressaltar também o cuidado que alguém com EM deve ao realizar seus exercícios físicos. O calor excessivo talvez seja o principal deles, pois sabemos que a prática de atividade física sob altas temperaturas pode acentuar sintomas, como o cansaço. Portanto, evite os horários de sol forte, beba bastante água durante a atividade e priorize ambientes climatizados, como os de uma academia. 

Outra dica é realizar as atividades no horário da manhã, quando o organismo está com mais energia. Procure um profissional qualificado, habilitado e, de preferência, especializado, que conheça sua doença e as limitações que ela impõe. E, o mais importante de tudo, respeite o seu corpo e os seus limites. Alguns conseguirão correr uma maratona, enquanto, para outros, haverá dificuldades para dar uma volta no quarteirão de casa. Mas, acredite, ambos estarão igualmente vencendo seus limites e melhorando sua qualidade de vida.

Hoje, no dia que comemoramos o “Dia Mundial da Saúde”, procure cuidar de você. Vá a um parque com seus filhos, ande de bicicleta com seu companheiro, faça uma caminhada com seus pais ou apenas leve seu cachorro para passear. Não importa o que você irá fazer neste domingo, mas importa como irá enfrentar a Esclerose Múltipla daqui por diante.

Por Wellington Oliveira; profissional de Educação Física; especialista em Reabilitação Cardíaca e Doenças Raras; Idealizador do Projeto 50 Metros e responsável pelo IG @emimpulso

Uma resposta para “Qualidade de vida: uma prioridade para quem tem EM”

  1. Avatar de Teresa sul
    Teresa sul

    E quando a pessoa já totalmente incapaz,não abda,não fala,pouco se mexe,o que fazer?????

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