Treinamento aeróbico ou de força?

Decidimos treinar!

Isso é uma ótima notícia e, de acordo com a recomendação da Organização Mundial de Saúde (OMS), pelo menos 30 minutos diários são necessários para promover saúde e qualidade de vida para uma pessoa. E nós, pacientes diagnosticados com Esclerose Múltipla, não ficamos fora dessa recomendação.

Mas o que priorizar em um programa de treino: o treinamento de força (TF) ou o treinamento aeróbico (TA)?

Antes de falar sobre isso, vou abrir um parêntese para explicar porque excluí o treinamento anaeróbico deste artigo. Acontece que, por se tratar de uma atividade de alta intensidade, acaba acarretando um estado fisiológico nada favorável a pacientes com EM. É proibido? Não, porém só devem optar por este tipo de exercício pacientes já adaptados a situações extremas de treino.

Bem, voltando à nossa principal dúvida: qual treino escolher? A resposta não é difícil: tanto o TF quanto o TA são importantes para quem tem a doença, então, um trabalho combinado é o mais recomendado.

Além dos relevantes resultados do TF para a EM, uma coisa é fundamental neste tipo de treino: a adaptação neural. Nas primeiras semanas de treino, normalmente, sente-se uma necessidade muito grande de aumentar as cargas, pois o movimento com a carga inicial fica cada vez mais fácil. Isso se deve à adaptação neural promovida pelo treinamento de força. No entanto, deve-se observar a mecânica do movimento realizado por quem tem EM, pois a coordenação, o equilíbrio e a velocidade de realização do movimento são determinantes na hora da prescrição do treino.

Assim, o aumento de carga deve ser feito somente após o domínio da técnica do movimento proposto. Esse tipo de conduta, além de prevenir o aparecimento de lesões, é fundamental para que novas sinapses possam ser estimuladas, melhorando consequente o padrão motor desejado. Importante termos a noção de que um trabalho a ser realizado em médio/longo prazo, será necessário.

Aliado a todos os benefícios do TF, não devemos esquecer das adaptações proporcionadas pelo treinamento cardiorrespiratório aeróbico. Se implementado de forma inteligente, o Treinamento Aeróbico pode te ajudar em diversos pontos, até mesmo melhorar seu trabalho de força. Mas, segundo estudos clássicos na literatura, o principal papel do TA na EM são seus resultados significativos no combate à fadiga, um dos sintomas que mais incomodam pacientes com EM.

Você sabia que um bom condicionamento aeróbico é determinante até mesmo para uma análise clínica? Sim, um dos fatores levados em consideração na hora de determinar o EDSS (escala que mede o estado de incapacidade diante a progressão da EM) é a capacidade de se poder caminhar 500 metros.

É importante ressaltar que um programa adequado de treinamento deve ser elaborado individualmente. As limitações impostas pela EM, ou ausência delas, formam a base de trabalho do profissional que irá elaborar seu programa de treino. Daí a importância da capacitação deste profissional, para que resultados possam ser alcançados de forma progressiva e segura.

Mesmo sabendo da importância do exercício físico para a saúde dos indivíduos, preciso chamar a atenção para duas coisas: primeiro, respeite sua individualidade e os limites impostos pela doença e, segundo, não desista diante das primeiras dificuldades. Existirão dias que treinar será mais difícil, outros dias será mais fácil. Para uns não existirá dificuldade em correr 10Km, enquanto que, para outros, dar uma volta caminhando no quarteirão de casa será extremamente desafiador.

Independentemente de suas dificuldades, tenha certeza de que a prática regular e continuada de atividade física será capaz de trazer diversos benefícios diretos para sua vida e consequentemente uma melhor qualidade de vida.

Portanto, persista e não desista!

 

Por Wellington Oliveira; profissional de Educação Física; especialista em reabilitação cardíaca e doenças raras; integrante da equipe Esclerose Múltipla Rio, idealizador do Projeto 50 Metros e responsável pelo IG @emimpulso

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