Um Olhar Multidisciplinar sobre a Esclerose Múltipla

Evento marca o dia de conscientização sobre a doença

A progressão na Esclerose Múltipla, sintomas invisíveis, nutrição, qualidade de vida e sistema familiar foram alguns dos temas abordados no evento “Um Olhar Multidisciplinar Sobre a Esclerose Múltipla”, realizado no dia 30 de agosto, para marcar o dia de conscientização sobre a doença, dentro do chamado Agosto Laranja. Cerca de 120 pessoas lotaram o auditório do Barra Life Medical Center, entre pacientes, seus familiares, cuidadores e interessados em entender sobre a EM.

Realizado pela Associação de Pacientes de Esclerose Múltipla do Estado do Rio (Apemerj), em parceria com a equipe Esclerose Múltipla Rio e EMImpulso, o evento teve o patrocínio da Hemp Meds Brasil, dos laboratórios farmacêuticos Biogen, Sanofi, Roche e Teva e da IRM Ressonância Magnética, além de contar com o apoio da EMS e do Barra Life Medical Center.

Para abrir os trabalhos, a neurologista Regina Alvarenga apresentou um estudo realizado por ela sobre o perfil da esclerose múltipla em pacientes brasileiros, mostrando que a doença tem perfil semelhante de evolução, quando comparada a outros países, como EUA e Europa. “No Brasil, a diferença marcante é a presença de 30% da doença na população negra”, disse a especialista.

Regina Alvarenga apresentou o estudo epidemiológico da doença no Brasil

Na sequência, a neurologista Cláudia Vasconcelos falou sobre a progressão da doença, trazendo dados que mostram que existem riscos do paciente com Esclerose Múltipla Remitente Recorrente (EMRR) apresentar um padrão progressivo. Segundo ela, para evitar essa progressão é importante a abordagem precoce de tratamento, logo no início dos primeiros surtos. Cláudia também citou a influência do envelhecimento na progressão. “É preciso buscar um envelhecimento saudável, controlando outras possíveis doenças, como pressão alta, colestrol e obesidade, para que os efeitos da progressão sejam minimizados”, afirmou.

Cláudia Vasconcelos falou sobre progressão da EM

O neurologista Marcos Alvarenga falou sobre os sintomas invisíveis da esclerose múltipla, citando os mais comuns que acometem os pacientes, dentre os quais fadiga, rigidez, dor, incontinências fecal e urinária, problemas de memória, questões emocionais, como depressão, e questões sexuais, incluindo falta de libido e disfunção erétil. Após falar sobre a forma como esses sintomas se apresentam, frisou que cada paciente reage de forma diferente a esses sinais. “Cada pessoa é um universo dentro da EM e temos que avaliar e tentar, por meio de técnicas terapêuticas, contornar essas situações, para melhorar a qualidade de vida do paciente”, disse ele.

Marcos Alvarenga falou sobre sintomas invisíveis e sobre planejamento familiar

Ele também falou sobre planejamento familiar e a possibilidade de se equalizar a esclerose múltipla com o desejo de se ter uma família. Para isso, trouxe informações importantes, como o fato de que não há evidências de que pacientes com EM sejam inférteis e que o ideal é que a gravidez seja planejada, lembrando que não há contraindicação quanto ao uso de métodos contraceptivos hormonais. “Para engravidar, a paciente precisa estar estável há, pelo menos”, afirmou o neurologista, revelando que a esclerose múltipla não se relaciona com problemas obstétricos específicos e que a doença não é hereditária. “Existe um percentual pequeno de formas familiares. Um estudo feito pela nossa equipe, aqui, no Rio de Janeiro, chegou ao resultado de 6% de ocorrência de formas familiares entre os pacientes. Outro dado é o de que, uma vez que o pai ou a mãe tenha a doença, o risco do filho também ter EM é de 2%”, destacou.

O evento também foi marcado por dinâmicas conduzidas pela terapeuta Lyana Salomão e pelo educador físico Wellington Oliveira, ambos da equipe multidisciplinar Esclerose Múltipla Rio. Lyana colocou a plateia para relaxar e ter a oportunidade de se sentir e se olhar como pessoa. Com música suave, meia luz e olhos fechados, todos foram convidados a entrar em um cenário fictício e viver o momento presente, usando recursos internos próprios, relaxar e buscar seus valores e da família. “São esses valores que fazem o ser humano crescer e se desvincular do peso que uma doença que pode ser difícil de se lidar”, disse ela. 

Lyana Salomão conduziu uma dinâmica para a plateia relaxar e tentar reconhecer seus valores

Na sequência, Wellington abordou o tema superação, baseado no conceito de qualidade de vida e na importância de se buscar uma atividade física para o dia a dia. Mostrando exemplo de pessoas que, mesmo com dificuldades impostas pela EM, conseguem incluir o exercício no seu dia a dia, afirmou que superação significa perseverar e se reinventar. Para mostrar que todos podem e devem buscar a melhor forma de se exercitar, colocou todo mundo para dançar sentado, conduzindo uma coreografia que foi prontamente seguida por todos os presentes. 

Wellington falou sobre a importância do exercício físico e colocou todos para dançar

O educador físico reforçou sua dinâmica, palestrando sobre a atividade física na esclerose múltipla. “A escolha de uma atividade física depende do perfil de cada paciente. Tudo parte de uma avaliação médica, para saber se a pessoa está apta a se exercitar ou se o mais indicado é uma reabilitação física. Também é importante buscar um profissional capacitado para uma melhor orientação”, ressaltou Welligton, acrescentando que há muitos tipos de atividades e, segundo pesquisas, a musculação e a yoga são as práticas que trazem melhores resultados para pacientes com EM. 

A alimentação e sua influência na função intestinal e na redução da inflamação também foi ponto de debate no evento. A nutricionista Bianca Genoese, também da equipe multidisciplinar Esclerose Múltipla Rio, explicou que a principal causa do aumento da inflamação decorrente da doença vem do excesso de ingestão de produtos industrializados e de açúcar, além da baixa quantidade de fibras. 

A nutricionista Bianca Genoese elencou os principais alimentos que redução a inflamação

“Para melhorar a inflamação é preciso potencializar a alimentação, fazendo com que o organismo absorva os benefícios dos alimentos. O Gengibre, a cúrcuma, o chá verde, as frutas vermelhas, a quercetina, encontrada nas cascas dos vegetais, e os ômegas, encontrados nos azeites, no salmão, na sardinha e nas sementes de linhaça, são exemplos de alimentos que devem estar presentes na dieta de pacientes com esclerose múltipla”, destacou. 

O evento “Um Olhar Multidisciplinar Sobre a Esclerose Múltipla” foi um dia de informação e interação para os participantes. A íntegra de algumas das palestras podem ser acompanhadas na página Esclerose Múltipla Rio, no Facebook, e, ao longo dos próximos dias, serão divulgados vídeos com um resumo de todas as palestras. 

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