Vacinação e Esclerose Múltipla

Devo me vacinar ou não? Este é um questionamento frequente dos pacientes com esclerose múltipla, principalmente próximo às campanhas de vacinação deflagradas pelo Governo.

Em doenças autoimunes há uma reatividade a infecções diferenciadas e, na dependência das medicações utilizadas, isto pode se exacerbar acarretando maiores riscos infecciosos.

A vacinação é uma estratégia preventiva para minimizar riscos infecciosos, porém, como veremos a seguir, algumas vacinas podem causar infecção pela própria peculiaridade do sistema imunológico desses indivíduos ou mesmo agravar a doença pré-existente.

Conhecendo as vacinas

As vacinas contêm diferentes componentes, podendo ser mais seguras ou não para doenças autoimunes.

De acordo com a composição, há três tipos diferentes:

  1. Bactérias e vírus mortos (duração de resposta é menor, necessário doses repetidas). Ex.: influenza (inclusive h1n1), poliomielite (injetável/salk), hepatite a, hepatite b, raiva, papiloma vírus (hpv), tétano, coqueluche, diftéria, cólera.
  2. Bactérias e vírus vivos e atenuados (dose única, proteção prolongada). Ex.: sarampo, caxumba, rubéola, varicela, febre amarela, rotavírus, poliomielite (oral/sabin).
  3. De partes de vírus ou bactérias

A primeira e terceira são seguras, porém a segunda infecta o paciente e, às vezes, pode se reverter à forma selvagem, causando a doença. Contraindicada em imunodeprimidos e gestantes, podendo agravar a doença.

Segundo o mesmo manual de normas de vacinação,  são contraindicações gerais para as vacinas de bactérias ou vírus vivos atenuados:

  1. a) Imunodeficiência congênita ou adquirida;
  1. b) Pessoas acometidas por neoplasia maligna;
  1. c) Em tratamento com corticosteróides em esquemas imunodepressores (por exemplo, 2mg/kg/dia de prednisona durante duas semanas ou mais em crianças ou doses correspondentes de outros glicocorticóides) ou submetidas a outras terapêuticas imunodepressoras (quimioterapia antineoplásica, radioterapia, etc).

A Academia de Neurologia, juntamente com o Comitê de Imunização do Conselho de Esclerose Múltipla para Diretrizes de Prática Clínica Americano, reuniu um conjunto de evidências e recomendações sobre vacinas e esclerose múltipla. São elas:

  1. É sabido que doenças infecciosas podem causar agravamento da doença (surtos), as vacinas minimizam este risco.
  2. Vacinas contra Influenza, Hepatite B, Varicela e Tétano são seguras.
  3. Após surto, deve-se adiar de 4 a 6 semanas as vacinações.
  4. O uso de vacinas inativas é seguro na vigência de Interferons Beta, Acetato de Glatirâmer, Teruflonamida, Fingolimode, Alemtuzumabe, Fumarato, Natalizumabe.
  5. Vacinas vivas atenuadas não são recomendadas, pois há risco de desenvolver doença, pois estão minimizadas, mas não abolidas.
  6. Sempre antes de utilizar qualquer vacina consulte seu neurologista, principalmente se utiliza corticoterapia ou imunossupressores.
  7. Não tomar vacinas de vírus vivo após curso de Alemtuzumabe (Lemtrada®).
  8. Vacina para pneumonia (Pneumocóccica) deve ser considerada para indivíduos com função pulmonar comprometida, incluindo cadeirantes ou acamados.
  9. Vacina Zoster, apesar de vírus vivo, é uma exceção, pois a maioria das pessoas já teve varicela (catapora) em fase mais precoce da vida, portanto, já tem o vírus no corpo, mas deve se discutir benefícios/riscos com seu médico.
  10. Varicela – considerar uso se não houver histórico sabido de catapora, falta de evidência de imunidade prévia e estão considerando iniciar imunossupressor – Fingolimode, Alemtazumabe. Vacinar seis semanas antes de iniciar a terapia para esclerose múltipla.

Dois estudos merecem ser citados por sua relevância em nosso meio:

1) Estudos realizados em viajantes para locais endêmicos de febre amarela constataram aumento do risco de recaída (surto) seis semanas após vacinação quando comparado com o período remanescente do seguimento de dois anos  (publicação Arch. Neurology, 2011).

2) Em estudo publicado em Journal of American Medical Association, em quatro milhões de meninas e mulheres da Dinamarca e Suécia que receberam vacina para HPV, não se encontrou risco aumentado em exacerbação da doença.

Fonte: ABC Esclerose Múltipla, por Liliana Russo (Neurologista; Diretora Técnica da ABCEM)

Uma resposta para “Vacinação e Esclerose Múltipla”

  1. Avatar de Monique
    Monique

    Amo essa equipe da Dra Regina Alvatenga, tenho EM dês de 2011 e sempre fui bem atendida 👏🏾👏🏾👏🏾👐🏽glórias a Deus por eles!

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