– O que é enxaqueca?
A enxaqueca, é uma condição extremamente comum na população mundial. Trata-se de uma doença neurológica que apresenta em seu quadro clínico, entre outros sintomas, a cefaleia ou dor de cabeça. Na maioria das vezes, acomete mulheres jovens e pode existir uma história familiar de enxaqueca.
Além de sua alta prevalência, esta condição exerce grande impacto na vida social e profissional das pessoas e, certamente, é uma das causas mais comuns de ausência no trabalho, na escola e em eventos sociais.
A enxaqueca não afeta apenas os pacientes, mas toda a família. Companheiros e filhos de pacientes compartilham o sofrimento gerado durante as crises e devem estar preparados para todas as mudanças que ocorrem em seu dia a dia, como sair mais cedo do trabalho; alterar planos com relação ao cuidado com os filhos; interromper as atividades domésticas; cancelar compromissos, etc.
– Como diferenciar enxaqueca de dor de cabeça?
Existem diferentes tipos de dor de cabeça e a enxaqueca é apenas uma delas. O diagnóstico de enxaqueca é clínico, baseado na história relatada pelo paciente, no exame físico e neurológico e nos critérios diagnósticos da Sociedade Internacional de Cefaleias. Os exames complementares, na maioria das vezes, são desnecessários.
A cefaleia do paciente com enxaqueca costuma ser pulsátil (latejante) e unilateral – acometendo um dos lados do crânio. Acompanhando a dor podemos encontrar outros sintomas como intolerância à luz (fotofobia), intolerância a odores (osmofobia) e intolerância ao barulho (fonofobia), além de náuseas e, até mesmo, vômitos.
– Quais as causas da enxaqueca?
Não existem causas estabelecidas para a enxaqueca. Trata-se de uma doença que, num organismo geneticamente predisposto, produz uma reação neuroinflamatória envolvendo o sistema trigemino-vascular. A dor pode ser desencadeada por diferentes fatores, como estresse emocional, período menstrual, ingestão de determinados alimentos, medicamentos etc.
– Há algum fator comum entre enxaqueca e esclerose múltipla?
Na literatura médica existe grande controvérsia envolvendo a relação da enxaqueca com a esclerose múltipla. Apesar de alguns estudos apontarem para uma maior frequência da enxaqueca em pacientes com esclerose múltipla, outros estudos não apresentam o mesmo resultado e, portanto, ainda não se estabeleceu uma associação entre as duas doenças. É importante salientar que a população acometida por essas duas condições são muito semelhantes, mulheres jovens, e a ocorrência de ambas em uma mesma paciente pode não apresentar relação direta.
– Enxaqueca pode ser um sintoma de esclerose múltipla?
A enxaqueca é uma doença propriamente dita. Desta forma não é sintoma de qualquer outra doença, nem mesmo da esclerose múltipla.
– Lesões da esclerose múltipla podem levar à enxaqueca?
A dor de cabeça pode estar presente em diferentes momentos da evolução do quadro da esclerose múltipla, porém, essa dor de cabeça não caracteriza uma enxaqueca. No entanto, alguns medicamentos usados no tratamento da esclerose múltipla podem ser fatores desencadeantes de crises de enxaqueca, em quem tem já essa doença.
– Como tratar enxaqueca em quem tem esclerose múltipla?
Apesar de muitos pensarem o contrário, existe tratamento tanto para as crises de enxaqueca quanto para a prevenção das mesmas, o que melhora a qualidade de vida dos pacientes. O tratamento da enxaqueca em pacientes com esclerose múltipla segue os mesmos princípios do tratamento na população geral.
Ressaltamos que o uso indiscriminado, e sem orientação médica, dos analgésicos deve ser evitado. Pessoas que sofrem de enxaqueca devem procurar um neurologista, para diagnóstico e tratamento adequados.
Fonte: Antônio Catharino – neurologista (CRM 52.64627-0); membro titular da Academia Brasileira de Neurologia
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